O adiamento do ENEM não é um ato político, é um ato sensato. – PenSHONmentos #010

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No próximo domingo, 17/01/2021, será realizado o Exame Nacional do Ensino Médio. É incrível perceber que quase um ano de pandemia não ensinou nada a esse desgoverno. Em plena segunda onda – há quem afirme que nem saímos da primeira – voltaremos a nos aglomerar com consentimento federal e acreditando que as normas de segurança são suficientes para que não haja novas contaminações. Acredito que uma das normas de segurança fosse não ter o ENEM, assim como teria sido com as eleições, caso esse que resultou, semanas depois, em um aumento exponencial da curva que já estava declinando.

A educação nunca foi a maior atenção do titio Bozo e sua turma. A quantidade de loucos que passaram pelo ministério da educação só não perde para o da saúde e o da família. A realização do ENEM em plena pandemia evidencia como essa forma de avaliação, que já não é das melhores, consegue o feito de também ser uma prova do abismo social que existe entre as classes brasileiras. As escolas particulares continuaram suas atividades online, afinal, precisavam  trabalhar para continuar recebendo as mensalidades. As escolas públicas, em sua maioria, ficaram inertes diante desse novo conceito de aula.

Instituições de ensino particulares têm como público as classes mais altas do país, uma minoria, afinal, o Brasil é um losango social e volta a flertar com a ideia de virar uma pirâmide. Os alunos de escolas públicas – em sua maioria pretos e pobres – não tiveram aula durante a pandemia ou contaram com alguns esforços de prefeituras para minimizar o prejuízo, mas o Governo Federal nada fez… ou melhor, fez sim, alegou que os professores não queriam voltar a dar aulas presenciais, pois eles não gostam de trabalhar. É cada dia um 7 x 1 diferente.

Os dados nos mostram que quem mais sofreu com essa pandemia foi a camada mais pobre, seja com a morte de entes queridos, seja com o não acesso a educação, com a escassez de itens e serviços básicos e agora com a total exclusão do método mais digno de ascender socialmente; a educação. Estar na faculdade é o pontapé na vida desses jovens, que veem nesse futuro a forma de dar uma nova realidade pra si e para a família. Esse ENEM vai validar o quão violenta é a nossa educação e como gostamos de fazer cafuné em quem já tem várias mãos estendidas. É como aquele professor que enaltece o próprio trabalho por que o estudante CDF tirou 10,0, mas o que tinha mais dificuldade continua com dificuldade e isso não parece preocupar.

Vamos pra uma situação hipotética; uma sala, com seus 10, 12, 14 alunos, respeitando os tais protocolos de segurança, álcool em gel, medição de temperatura, máscara… Todos os alunos sentados, calados, fazendo o ENEM e de repente um deles tem uma crise de tosse, uma crise simples, dura ali seus 20 segundos e depois volta ao normal. Fulano, que viu alguém próximo falecer por conta da COVID, acaba de perder sua total concentração e a imagem do tio, mãe, amigo, namorada invade a sua mente. Cicrano, que é asmático, não podia perder a oportunidade de entrar na faculdade, mas agora acha que fez uma péssima escolha ao ir fazer a prova. Beltrano, que mora com a avó, pensa na possibilidade de não voltar pra casa e esquece da prova pra achar uma solução que não deixe sua querida vovó vulnerável. É difícil perceber a quantidade de risco que essa prova traz?

Eu sou professor de redação, tenho uma aluna que está colecionando nota mil nos testes que fizemos e, ainda assim, adoraria que o ENEM fosse adiado. Precisamos de uma visão mais coletiva ou passaremos por essa pandemia sem termos aprendido nada. O sinistro da educação afirmou que quem faz a prova já é mais grandinho e sabe das responsabilidades diante dos procedimentos de segurança. Já o diretor do INEP falou que se eles vão pra festas, então podem fazer o ENEM. As duas falas são igualmente ridículas e se contradizem, ou se é responsável ou vai na festa, nesse momento, os dois, não dá. Porém, o que não dá mesmo é aceitar um governo que enxerga educação como segundo plano, professores como inimigos e patina no sangue de mais de duzentos mil brasileiros que não estão mais entre nós. O adiamento do ENEM e o impeachment de Bolsonaro são fundamentais para que ainda haja alguma esperança no amanhã. #VemVacina #ForaBozo #WakandaForever

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