
Eu sei… eu sei… você vai achar que é um textão sobre representatividade, minorias e blablabla, talvez seja, mas a ideia é não ser. A questão é simples; por que alguém se incomoda com outro alguém sendo representado em séries, filmes e outros produtos da cultura pop? E isso é inegável, há um incomodo, sim. O número de ironias e piadas sem graças – “tem que ter uma banana no filme para que as bananas se sintam representadas” – indicam que muita gente ou desconhece o poder da representatividade ou está sendo o que sempre foi; um INARRISCADOR.
O inarriscador é aquela pessoa que sempre fica quieta na sala de aula, não quer correr o risco da professora reclamar, que procura o retorno que está a 500 metros, mesmo podendo dar aquela “roubadinha” e encurtar o caminho, que come sempre no mesmo fast-food na praça de alimentação do mesmo shopping e que já sabe categoricamente o sabor do sanduíche e do milkshake. Estou falando do Sheldon? BAZINGA! não, estou falando de você, seu inarriscadorzinho.
É necessário lembrar que toda generalização é burra, inclusive essa. Por isso, não me arrisco (vixe, sou um inarriscador) a falar de todas as pessoas que não aceitam o poder da representatividade, afinal, não conheço todas elas. Estou focando só nos que não entendem (ou não querem entender) a importância dessa ferramenta. Olhe pra dentro, me diga qual foi o grande risco que você já correu na vida… Por isso que dói ver sua série, seu filme favorito, seus personagens – que não são seus – arriscando qualquer mudança. É nessa que personagens como a Rey, Rose e o Finn (Star Wars) são “ofensivos”. Tentar olhar para a sociedade de forma global é fundamental para a indústria do entretenimento e quando franquias consagradas se propõem a exercer essa responsabilidade acabam desagradando aos fãs que sequer têm coragem de trocar maionese por mostarda.
Ver-se numa tela, por muito tempo, foi um privilégio de um grupo. Você prefere as premiações que só premiam brancos ou que premiam brancos e negros? Ahhh, já sei, você prefere que os premiados tenham mérito, eu também, mas é complicado quando nos fazem pensar que esse mérito só é encontrado em produções com a mesma temática, com a mesma cara, com a mesma mesmice. A vida é muito curta para acreditarmos em padrões.
Se ver representado não é fácil numa indústria que sempre olhou os personagens a partir de uma só lente. Por isso as caricaturas devem ser evitadas, assim como as forçadas de barra (Shun, do Cavaleiros do Zodíaco, virar mulher numa série em que as mulheres já tem um espaço, por exemplo). Mas, Inarriscador, perceba que ver um produto audiovisual preocupado em ser global , é ótimo, pense em nove filmes de Star Wars só com Leia, Han Solo, Luke, Darth Vader e Palpatine… é, não dá. E não, o filme do Cats não é um exemplo de representatividade felina. Se você ler/escutar algo sobre isso, sugira à pessoa a leitura desse texto, no mínimo, será um investimento de tempo melhor do que assistir àqueles gatos bizarros. #WakandaForever